maio 25, 2005

Hera

Cada vez mais
A poesia está presente em tudo.
O que era antes um chiste,
Uma brincadeira de menina
Hoje é cada fôlego meu .

Já nem sei mais do meu amor.
Não sei se amo mais
O meu amado
Ou se amo mais o momento
Quando meu coração,
Apaixonado
Pega a caneta
E então tece um novo amor.

os versos são emaranhados
De hera verde e viscosa,
Espaçosa,
Que cresce muro acima
E tampa a visão da minha janela.

Em cada galho da hera
Há uma palavra,
Um recado,
Um suspiro,
Um beijo,
Um grito.

Todos eles invadem meu quarto.
Lentamente vão crescendo
Encarpetando a escrivaninha
Descendo o chão
Tomando a cama
E se enlaçam no meu dedinho do pé
Enquanto leio no sofá.

E a hera me toma,
Me possui.
Tal qual meu amado.
E eu cedo a ti,
Poesia.
Vem,amiga,cada dia mais.
Faz meus dias mais coloridos.

Sou feliz!Feliz!
Porque você cresceu
Na minha janela
Ainda mais que meu jasmim.
E te quero sempre assim,
Flor sempre-viva
Em mim.

13/03/05. Em homenagem ao dia da Poesia,14/03.

maio 23, 2005

A Morte

Odeio filmes de fantasmas.De gente que morre e fica assombrando aqueles que ficaram.Porque não é a realidade.
Quando alguém morre,ela simplesmente sai de cena.Sai de c ena,e deixa um vazio sem fim e inquietante na vida da gente.
Claro que é estranho, como se aquela pessoa só tivesse viajado pra longe.,e esqueceu de telefonar,mandar postais ou cartas.A pessoa esqueceu que tinha família e amigos e foi fazer um retiro espiritual no Tibet.
Mas essa inquietude que fica-a lembrança- incomoda de um jeito doce,quase divertido.Quando a gente lembra da pessoa.Lembra dos sesu defeitos, da sua loucura,da sua risada,das coisas que fazia na cozinha,das suas manias,da doença,nós vemos o que ficou.Ela vai e mbora mas isso fica.
Eu não queria falar de coisas tristes nunca.Mas elas acontecem,e nós temos que discutir.
Mas não deveos ficar tristes porque o filme está sem um dos personagens.A inquietude faz o resto dos poersonagens continuarem.
A lembrança dia que o personagem que falta vive um novo amanhã.

maio 15, 2005

Hoje á noite

Olhos vidrados na tela
Essa tela clara e conhecida
Emitindo raios gama e luz fria
Que nojo de mim!

O quê,afinal,é que procuro aqui?
Pensa pensa pensa.
Achou?
Não...
Sem resposta.

Eu mesma é que não é.
Já me achei há muito tempo.
Estava na esquina
Semana passada
Tomando sorvete.
Sim,eu!Era eu.

E então,eu me disse:
"Toma comigo, é só R$3,90!"
E eu respondi: "Ah,não.Estou de dieta."

Soneto aos Deuses da Justiça

Ô, Águia de Aia !
Inspira-me!
Que se não é tudo,
O Direito é quase tudo nessa vida!

Se até o maior objeto da poesia
Já não passa de um contrato antenupcial!
E a sede de conhecimento devora-me
De forma soturna e cabal.

E, de pacito, incute-me a necessidade
De ter e fazer justiça.
Intercedei por nós, brasileiros, ó Têmis!

Porque só se sabe sofrido um povo se com ele não se é justo.
E não há lugar em que haja tanto custo
Para se dar justiça a quem merece.


(16/02/05)

reminescências da infância

Lembra daquela novela, que tinha o Jorge Tadeu?Pois é.Eu vi essa novela. Devia ser uma menininha.E eu não entendia mesmo qual era daquelas mulheres.Por que tanto afã em beijar um homem, que, aparentemente está...morto?
“Mãe,é isso mesmo,o moço morreu?”
“Pois é.”
Hummm.
Algum tempo depois,anos talvez,meses,quem sabe,eu mesma,não me lembro,saí pra fazer uma exploração no quintal.Estendendo-me aos quintais vizinhos,afinal,ser criança tem como prerrogativa invadir propriedade privada todo dia,e muitas delas,de preferência.
O quintal daquela velha senhora ficava bem atrás do meu,atrás de um velho galpão,caindo aos pedaços,que assombrava a minha casa.
Crescendo,provavelmente através de obra oriunda das mãos da vizinha idosa,embaixo,exatamente,da minha janela,um pé de copos-de leite.
Lembro-me de olhar pra eles,e pensar em como eram branquinhos e bonitos.E como aquele talo amarelinho era diferente,a tornava feia,mas nobre ao mesmo tempo,aquela flor.
E desviei minha atenção pra algum barulho,para os passarinhos cantando eufóricos na copa da árvore ao lado.
Até que me ocorreu que aquela flor era igualzinha a daquela novela. E me perguntei por que na minha casa,nascia de um arbusto,e na novela,de uma árvore.Logicamente que pensei que a consultoria da Globo devia ter errado em alguma coisa.
Cheguei pertinho do arbusto,furtivamente,como se a vizinha pudesse me pegar no flagra- e poderia-, e arranquei uma flor.
Fiquei uns longos minutos observando aquela flor,que,pra mim,era grande.
Passei meus dedinhos nela,procurando,invasiva,por pólen.E cheirei.
“Será que se eu morder,se eu comer,o Jorge Tadeu aparece na minha casa?”....”Mas que besteira!Aparece nada!”.E ri,sozinha.
E mordi.E mastiguei.
“Meu Deus,a que ponto cheguei!Eu como qualquer coisa que meu olho enxergar e achar bonito!”
E a flor ardeu na boca,eu a joguei fora,saí correndo,pra beber água.
E me julguei uma boba por um dia inteiro...
Infância....tão bom!





Ah,o Jorge Tadeu não apareceu não.Embora eu sempre diga que sim,quando me perguntam.Infelizmente,essa história se espalhou .

maio 08, 2005

Desvairada

Ás vezes eu queria ser louca.
Louca louca louca!
Para não me atrelar
Aos arrebaldes de tudo
Para não me responsabilizar
Pelo inevitável!

Por que tudo não pára
Só um segundo
E vira nada?
Nada tudo será!
Expressivo e branco
É possível,moço?

Clarice, vinde a mim!
Um branco sereno
E vadio de sol!
Na terra de ninguém
Brila azul o céu
E diz: acabou!
Por que?
Porque na noite
Tudo faz sentido.

Versos simples
Para transmutar a loucura
De cada mente sã!
Oh,não!
Mais exclamações,mulher?
Não te aguento mais!

Não aguento mais!
Não poder dar aos filhos
Presentes de aniversário!
Os roubarei!
Da loja, os roubarei!

Por um dia
Ou uma vida
Queria ser louca louca
Alguém entendeu?

Refletidos