novembro 27, 2010

Feriado

Hoje o pastel na feira está mais barato
porque a filha do pasteleiro se formou
e o pasteleiro, feliz, barateou o ganha-pão.
E o tomate e a galinha,
o preço deles também abaixou.

Hoje é véspera de feriado
e as mães cozinham em casa.
E os pais que ainda estão lá
assistem futebol.

Hoje não tem ninguém pra pagar.
Nem leiteiro, padeiro, peixeiro, motoqueiro,
e a gente refestela no sofá
enquanto os moleques soltam pipa na rua.

Hoje a gente não trabalha,
mal sai de casa.
No mais, só telefona 
pra saber se está tudo bem.

É que amanhã não se sabe como será.

Já avisou que amanhã não tem feira?
Que o mercado nem o banco abrem?
Que os moleques não saem pra soltar pipa,
nem pra estudar?

Amanhã tem visita no morro.
Quem nunca se importou
se os meninos vão à escola,
se as mães tem frango na mesa,
se os pais amanhã trabalham,
amanhã eles vem visitar.

Amanhã a gente não trabalha,
mal sai de casa.
No mais, só telefona 
pra saber se está tudo bem.

Amanhã os meninos não soltam pipa.

Amanhã tem visita no morro.

Rio de Janeiro, 27 de novembro de 2010. 05:48 AM.

Refletidos