Confundir alegria com tristeza
E de nada mais ter certeza
Desconhecer a sólida razão
Pela qual, dos olhos
Brota uma aluvião.
Arrastando água e gemidos;
Carregando íntimos suspiros;
Espalhando a eterna dor
De não se saber por quê.
E ele derrama lembranças no seu caminho
Faz estrada íngreme de lágrimas
Corre, descorre, passa e machuca.
E eu ainda sem saber a causa.
E alguém me faz o favor
De me lembrar série de motivos
Que mostrem a razão
Da minha aluvião...
E tudo se mistura, paciente
Com o monte de terra que vem, crescente
E a Natureza toma mais força,
Enquanto aqui dentro,
E sai deslizando os montes
Do meu coração.
E assim, meu pranto vira avulsão.
E não há quem acalme, não
Essa força do chão
Que me avassalou
Sem motivo, nem razão.
30/01/05.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Refletidos
Digitais no espelho
- a Gabi escreve bem.mas não desenha
- A meia verdade de Danilo
- As necessidades de Adrielly
- Boneca de pano da Ju
- Cores e Colírio - santuário da Dara
- Crackpot ideias de Andira
- Dani, a diva anti-diva
- Destinos
- Dicas de Monica Paz
- Dicas de mulher
- Diário do Rio
- Dora, ladra de palavras
- Google News
- Gravata pensa como eu
- Hiato de Luiz
- Hoje a Cris Guerra vai assim
- Iara Luna pensando, ouvindo,dizendo.
- Imaginação de Tunai
- James Pizarro
- Marcelo Tas
- Mariconas!
- Moda Brechó
- Moda Mix da Ju
- Nada é por acaso, segundo Maria Borges
- Notícias de literaura - Flávio Moura
- Néctar da flor de Rê e Jota-Cê
- O nome dela não é Naty
- Os astrolábios que guiam Henrique
- Paracetamol
- Pensamentos coloridos da Moni
- Persona non grata
- Poesia Residual
- Retalhos sem tempo, de Zorbba e Aline
- Só imaginação
- Toca da Serpente
- Vitrola News
- Xuxudrops' Blog
4 comentários:
Olá!
Mais um belo texto! Pode-se confundir alegria com tristeza, mas nunca deixar de ter a certeza de que suas palavras são bem colocadas e exprimem sentimentos que inexatos por natureza, transcendem essa barreira adquirindo uma beleza exata, sublime...
Um abraço!
Lovely lady, que em breve seu peito se acalme e que as cores da alegria retornem ao seu olhar.
bjs
Há uma hora certa,
no meio da noite, uma hora morta,
em que a água dorme.
Todas as águas dormem:
no rio, na lagoa,
no açude, no brejão, nos olhos d'água,
nos grotões fundos
E quem ficar acordado,
na barranca, a noite inteira,
há de ouvir a cachoeira
parar a queda e o choro,
que a água foi dormir...
Águas claras, barrentas, sonolentas,
todas vão cochilar.
Dormem gotas, caudais, seivas das plantas,
fios brancos, torrentes.
O orvalho sonha
nas placas da folhagem
e adormece.
Até a água fervida,
nos copos de cabeceira dos agonizantes...
Mas nem todas dormem, nessa hora
de torpor líquido e inocente.
Muitos hão de estar vigiando,
e chorando, a noite toda,
porque a água dos olhos
nunca tem sono...
(O Sono das Águas, Guimarães Rosa)
Beijo, obrigada pela visita!
Neysi
Postar um comentário