agosto 28, 2009

Despedida

“Eu desconfio
que o nosso caso está na hora de acabar
Há um adeus em cada gesto, em cada olhar
Mas não temos é coragem de falar.”
Fim de Caso – Dolores Duran



Meu amor,
Arrumei armários e gavetas da casa, como você pode bem ver.
Precisava reorganizar coisas na minha vida, consequentemente na cabeça e no coração.
Retirei tudo o que era velho, roto, mal-acabado ou mal-começado. Tudo aquilo que já não me causava sensações boas, que não me trazia lembranças alegres.
Vi nossas fotos. Você já reparou que nosso sorriso já não é mais o mesmo?Em algumas ele está mal-acabado. Em outras, nem começado está.
Nosso altar do amor já foi tão bem regado e a ele já dedicamos muito mais devoção.
A carne do nosso desejo já esteve tão melhor fornida. Hoje não preenche nem a superfície do toque de um dedo.
Nosso amor ficou velho e roto.
E é por isso,meu amor, que o nosso caso está na hora de acabar.
Deixa a tua chave embaixo do carpete, porque tirei do armário tudo que era nosso.
Ficou só o que era meu.
Adeus.


Este post foi em resposta ao meme que me foi indicado pela minha xuxu Adrielly.
Ele foi proposto por Daniele Vieira,para que os indicados fizessem uma carta como se rompesse com um certo alguém. A ideia foi inspirada na exposição Cuide de Você, da francesa Sophie Calle, que convidou 104 mulheres para interpretarem um e-mail de seu ex-namorado que gostaria de romper o relacionamento de ambos. As regras do meme são as seguintes:

1.: Escrever uma carta como se você estivesse rompendo com o seu (sua) namorado(a);
2.: Escrever estas regras e uma breve explicação do que é o meme (como a que fiz acima);
3.: Indicar cinco pessoas.
Meus indicados são a Ju, Lu Morena, Natália, Ademar, Dani.
Deixo o mesmo recado que a Adri deixou: sem obrigações,pessoal. Mas achei um bom exercício de escrita. Seria interessante ver o que sairia da cabeça de vocês.
Afinal, não é pra ser tão difícil,né? Quem nunca terminou um relacionamento?
Boa sorte aos indicados, boa leitura aos visitantes e...
...beijos xuxuzentos! =*

agosto 26, 2009

Será o fim?

Foi uma nova era que começou.

Uma nova página que foi virada no livro da Vida.

Além da minha vontade e por fatores externos a minha vontade, inúmeros acontecimentos ocorreram que mudaram a direção da Roda da Vida.

Foi tudo muito fora do meu controle, acredite.Não teve muita coisa que eu pudesse fazer.Aconteceu.Quando vi, estava entregue.Era o momento certo e a pessoa certa que bateu à porta.Ambos estavam ali, me estendendo a mão.Que podia eu fazer senão ...ir?

Nada mudou, na realidade.Eu continuo sentindo o mundo do mesmo jeito e o mundo, por sua vez, ainda me percebe como uma menina galhofeira e intensa.Eu acho.

Outros acontecimentos continuam ocorrendo, outros fatos que direcionam meu pensamento pra aqui e pra acolá.

Mas já reparou como alguns poetas tem seu ápice de inspiração no auge da tristeza, dor e solidão? Coitados deles, tenho muita pena desses tipinhos.Tão patéticos!Aliás, eu sou a rainha da auto-piedade,viu?

Tudo tem um motivo nessa vida.

E isso não é uma decisão.Simplismente, aconteceu.

Eu coloquei a caneta no papel, mas ela não disse nada!Eu falei com a caneta, ela não respondeu.Olhei pro papel e nada eu pude antever ali.

Ocorre que estou feliz.

E isso é ruim para a poesia.A minha poesia, patética e inicial, nasce de um fogo, de uma chama azul e melancólica.

Logo, se a chama que me ocupa é de alegria e compleição, e eu já esgotei isso em mim,não sei o que virá agora.Não sei se virá.Eu esperei, provoquei, procurei.Continuo sem resposta.

A poesia fugiu.

Eis que vejo um caminhão de prosa dobrar a esquina.

Aguardemos.

agosto 22, 2009

Chácara Santa Helena

A Osmar de Oliveira

Uma pena de galo
guarda a pagina da antologia de Cecília.
Uma pena assombrosa
divide meu coração ao meio.

Olhos ladeados de caminhos
abertos pelo tempo
acima de uma boca
que agora me conta
da dor que ficou porque Helena partiu
estão marejados.

Mas parecem aceitar o enfado,
a curva intransponível do destino.
Permanecem ainda encravados
na casa de chão batido
os rastros do amor familar,
legado deixado apesar de tanto desatino.

Meus ouvidos não escutam
nem voz de córrego distante
nem bater de água na represa.
Só sabem de um velho homem sentado à mesa
que nunca se deu por vencido
nem mesmo diante do amor perdido.

São Gabriel d'Oeste, MS, 08 de maio de 2009.

agosto 17, 2009

Boca fechada

Existe tanta coisa a ser dita,
Aconteceram tantos parênteses,
Fechaduras que se abrem
E portas que jamais se fecharão.

Tudo é poesia, mas isso é uma prosa.
Meu amor é prosa, porque existem diálogos. Nossos corações se falam.

Existem momentos,quero me organizar, espaçar tudo na minha mente
porque isso, exatamente isso, eu não posso esquecer.
Não quero esquecer de nada.

Eu tenho tanta coisa pra dizer.

Eu tenho ouvido falar tanto de como o tempo e esvai e como não devemos desperdiçá-lo, de como o amor é sublime e que não devemos desperdiçá-lo também.

Existem tantos parenteses na minha vida, o fato de que cada um tem a sua válvula de escape.

E que que eu preciso dar atenção às minhas.

Refletidos