setembro 23, 2007

Adormecida

E inegável a minha alegria
enquanto seguro a tua mão,
tão diminuta e minha
nesse momento em que sinto
o sangue correndo
por dentros dos teus dedos
alvos e pequenos.

Esqueço qualquer tormento
e desejo o desvanecimento
de qualquer preocupação tua,
enquanto pulsa,
na tua carne,
a dor do amor renegado
que vem do teu velho nobre coração.

A casa rosa

Na rua das margaridas
do bairro das flores
tem uma casa rosa
Aonde não há amor.

As pessoas lá dentro
estão sempre muito cansadas
para se dar as mãos,
para trocar beijos e carinhos
e palavras doces.

Há, sim, troca de críticas,
olhares hostis,
cumprimentos obrigacionais
e ouvem-se risadas ocasionais.

E cada um, no seu aposento
Chora solitário,
sem alento.

Embora não falte nada,
nem roupa, nem comida
nem etiqueta, nem abrigo
há sempre sorriso fingido
e dedo cutucando ferida.

setembro 10, 2007

Rotina

Tá virando rotineiro
O que me dizem por aí.
Se eu fosse tudo o que se diz
Jesus, o que seria de mim?

Meus versos, melancólicos.
O sorriso, vago.
O olhar, disperso.
O semblante, triste.

Ainda vem um,
dedo em riste!
Ofendido com a falta
das costumeiras gargalhadas.

Antigas gargalhadas.
Hoje, substituídas pela casmurrice
De ter um coração sem uso.

setembro 09, 2007

Querido,
eu tenho vontade
de te dizer tanto!
Queria te encharcar
com as minhas palavras.

Meus olhos parecem
não suprir a lacuna
que existe entre o coração
e a minha boca.

Beijos quase alcançam
meu objetivo
mas são por demasia
físicos,
não condizem com o sentimento.

Se nada eu disser
ninguém nunca vai saber
da beleza do teu gozo
do cheiro da tua pele
da textura das tuas mãos
quando me tocam
da pressão delas...

E você nunca vai saber
Como adoro todos estes
pequenos fragmentos de você.

Universitária

Está dificíl me concentrar hoje.
Tem um não-sei-o-quê
Importunando a minha já viajante mente.

É uma vontade,
um desejo,
uma ânsia,
uma insistência impertinente
De querer quem eu não posso ter.

Parcimônia

Deixo agora aviso claro
Pra você não reclamar
Quando o angu desandar.

Não sei ser paciente.
Não sei esperar.
Me ame ou me odeie,
Faça hoje, faça agora.

Porque, meu bem
Não sou calma.
Entre seguir adiante
E esperar você chegar,
Prefiro ver a fila andar.

E é por isso que eu vou embora
Porque você não me quer agora,
Pois é, isto já se fez notar...

Mas se eu te quiser a vero
De novo, eu não espero!
Sempre tenho o que eu quero
E não importa aonde,
Eu iria te buscar.

setembro 01, 2007

Para os que voam

Quando fizeram um anjinho gauche
Tão gauche quanto Drummond,
na minha opinião,
tentaram jogar a fôrma fora,
assim como se faz até hoje
com todos que nascem.

Acontece que não sei qual ser lá
decidiu reaproveitar a fôrminha
- aparentemente há uma política de reciclagem quanto às fôrmas hoje em dia -
E daí nasceu uma pessoa assim
Como posso dizer...?
Meio gauche, meio sã?

E jogaram as tais pessoas
no mesmo Planeta
ao mesmo Tempo.
E se encontraram.
E como golpe de sorte
o mundo não se implodiu.

Eis que, devido a esta razão
existe no mundo uma critaura,
um ser inacreditável e louco.
E tão louco que ele é
que consegue me compreender.

Que consegue absorver
todas as minhas nuanças
e sane de todos os relances
da minha entediante normalidade
e da minha desesperada insanidade.

E com amor e dedicação
que só a amizade dispõe,
que digo que nunca o perdoarei por isso.

Pela tua amizade

Sei que é desnecessário
mas eu só queria agradecer.
Eu só queria te dizer
o que eu sinto por você.

Queria te dar ciência
do quanto eu aprecio
tudo em você,
dos teu abraços apertados
a tuas palavras sinceras
e ao mesmo tempo, tão pícaras.

Se você soubesse quanto alento
encontro no teu cínico sorriso
e na tua descrença do amor
talvez nunca mudarias.
Mas eu sei que vai mudar.

Eu sei que um dia vai amar alguém
e se dedicar e se entregar
como só você sabe fazer.
Mas também sei que se eu for recíproca,
tu nunca vais abandonar nossa amizade
mesmo que nos vejamos só no próximo século.

Canção de Carnaval

No solo da Bahia
Escrevi teu nome
num dia de carnaval.
E esperei te encontrar
Quando voltasse pro festival.

Te conquistei
com apenas um beijo,
um carinho e um cafuné.
Mas eu não sei o que esse povo quer,
que vê tanto defeito em nós dois.

Venci de tudo pra ficar com você.
Meu medo, seu choro,
sua família dizendo "não pode ser".

Fingi ignorar pedaçõs da vida
só pra sonhar com aquela que eu queria.
Meus versos são fracos agora
porque vivo a poesia de uma existência inteira
ao teu lado.

Samuel

Quanto medo tive de ti
Até perceber tua doçura.
Sempre te julguei,
E quem sou eu?

Só alguém que preza tua amizade.
Só algúem que sente a tua falta.
Só alguém que odeia Maceió
Tanto quanto você.
Só alguém que teme pela tua vida
E se arrepende de não ter te dado mais abraços
E agora quer se redimir.

Refletidos