outubro 09, 2009

Reconstrução

De mansinho e a modo quieto
foi juntando tijolinhos.
Com espátula e reboco
foi repondo pouco a pouco o seu eu.

Não avisou ninguém, muito menos quem o alquebrou.
Não queria dar vantagem a ninguém nesta corrida em que o prêmio era ele mesmo.
Tudo o que fora desconotado pelo desamor, o ciúme e o abandono era avocado com cuidado: os amigos, as noitadas, as amigas, as batidas e estampidos da cidade.

A lição que o amor traz
é que nunca se deixa pra trás
o cara que antes vivia sem amor.
Pois ninguém segue adiante
sem relembrar o que passou.

O cansaço corroeu o amor.
Foi como água infiltrada, eferrujando cano velho, e agora é fiação e encanamento, tudo tem que ser trocado!
O amor por ela troca por amor-próprio.

outubro 03, 2009

Pequeno grande mundo

Os membros permanecem anestesiados e a angústia

é crescente.

Os minutos passam com a rapidez de ano, são sobrepostos

veementemente.

Os andarilhos que buscam soluções caminham

penitentes.

Eu corro rua afora, posto que a necessidade de paz ainda é deveras

fremente.


Vou sair por aí, correr mais do que o mundo, pois de repente este se tornou grande demais pra mim...

setembro 30, 2009

Infância



Existe um momento em nossas vidas em que tudo muda.
Não é um evento, não é um ritual.
É como um piscar de olhos, um cometa riscando o céu.
É o primeiro dia da sua vida em que você pica a manga na cozinha em vez de chupá-la no pé.
É o dia em que você percebe que suas pernas estão longas demais e pular amarelinha parece sem propósito. Você quer muito continuar achando graça naquilo, mas suas anotações nos cadernos são diferentes, sua letra e sua voz mudaram.
Seus interesses mudaram.
Você não viu muito bem quando isso ocorreu, não é mesmo?
E não é que algo tenha se perdido, não é que a inocência se perdeu. Que conceito mais simplista esse!
Acontece que você cresceu.
Ali, sentada, comendo filetes de manga.

setembro 24, 2009

Deserto

São bolsas jogadas pelo chão e um excesso de almofadas em cima do sofá.
Bandeiras e estandartes arremessados contra os objetos e arregaçados nas paredes, esperando serem ostentados em alguma manifestação não-pacífica de clamor pela Ordem.
Esta Ordem que não me habita e que eu estou desistindo de encontrar.
Foi-se o tempo da minha busca, houve a época da procura.
Agora me perco com quantidade de imagens, fotos, desenhos e projetos de identidade.Vai ver a melhor saída é esperar tudo tomar vida, e um por um, esperar que esses ícones se encaixem em seu devido lugar.
Um a um.Um a um.Um a um?
Acontece que eu não posso esperar,meu bem!
São muitos discos pra tocar na vitrola, muitos livros pra se ler, muitas fotos a tirar, muitos lugares pra ver, muita gente a conhecer, analisar, internalizar, até que eu possa fazer desse quarto um deserto e me fazer cheia.
Cheia, porém flexível.

E esse papo é tão chato complexo e tá tão longe de acabar!

setembro 15, 2009

Coluna Social

Maria Antônia agora é estrela!

Desde que arranjou um bico como cantora na churrascaria do Seu Rei, assina autógrafos com letra primária pelas esquinas, posou pelada no jornal do bairro e matriculou sua filha em um curso de teatro.

Pubicou em nosso jornal o seguinte classificado:

Precisado violeiro pra acompanhar estrela.
Apareça na churrascaria a partir das 21h.


Que ascensão!

setembro 11, 2009

Faxina

Ontem cuidei de mim.
Hoje cuidei da casa.
E ambos ainda se confundem!
Eu ainda sou minha morada.

agosto 28, 2009

Despedida

“Eu desconfio
que o nosso caso está na hora de acabar
Há um adeus em cada gesto, em cada olhar
Mas não temos é coragem de falar.”
Fim de Caso – Dolores Duran



Meu amor,
Arrumei armários e gavetas da casa, como você pode bem ver.
Precisava reorganizar coisas na minha vida, consequentemente na cabeça e no coração.
Retirei tudo o que era velho, roto, mal-acabado ou mal-começado. Tudo aquilo que já não me causava sensações boas, que não me trazia lembranças alegres.
Vi nossas fotos. Você já reparou que nosso sorriso já não é mais o mesmo?Em algumas ele está mal-acabado. Em outras, nem começado está.
Nosso altar do amor já foi tão bem regado e a ele já dedicamos muito mais devoção.
A carne do nosso desejo já esteve tão melhor fornida. Hoje não preenche nem a superfície do toque de um dedo.
Nosso amor ficou velho e roto.
E é por isso,meu amor, que o nosso caso está na hora de acabar.
Deixa a tua chave embaixo do carpete, porque tirei do armário tudo que era nosso.
Ficou só o que era meu.
Adeus.


Este post foi em resposta ao meme que me foi indicado pela minha xuxu Adrielly.
Ele foi proposto por Daniele Vieira,para que os indicados fizessem uma carta como se rompesse com um certo alguém. A ideia foi inspirada na exposição Cuide de Você, da francesa Sophie Calle, que convidou 104 mulheres para interpretarem um e-mail de seu ex-namorado que gostaria de romper o relacionamento de ambos. As regras do meme são as seguintes:

1.: Escrever uma carta como se você estivesse rompendo com o seu (sua) namorado(a);
2.: Escrever estas regras e uma breve explicação do que é o meme (como a que fiz acima);
3.: Indicar cinco pessoas.
Meus indicados são a Ju, Lu Morena, Natália, Ademar, Dani.
Deixo o mesmo recado que a Adri deixou: sem obrigações,pessoal. Mas achei um bom exercício de escrita. Seria interessante ver o que sairia da cabeça de vocês.
Afinal, não é pra ser tão difícil,né? Quem nunca terminou um relacionamento?
Boa sorte aos indicados, boa leitura aos visitantes e...
...beijos xuxuzentos! =*

agosto 26, 2009

Será o fim?

Foi uma nova era que começou.

Uma nova página que foi virada no livro da Vida.

Além da minha vontade e por fatores externos a minha vontade, inúmeros acontecimentos ocorreram que mudaram a direção da Roda da Vida.

Foi tudo muito fora do meu controle, acredite.Não teve muita coisa que eu pudesse fazer.Aconteceu.Quando vi, estava entregue.Era o momento certo e a pessoa certa que bateu à porta.Ambos estavam ali, me estendendo a mão.Que podia eu fazer senão ...ir?

Nada mudou, na realidade.Eu continuo sentindo o mundo do mesmo jeito e o mundo, por sua vez, ainda me percebe como uma menina galhofeira e intensa.Eu acho.

Outros acontecimentos continuam ocorrendo, outros fatos que direcionam meu pensamento pra aqui e pra acolá.

Mas já reparou como alguns poetas tem seu ápice de inspiração no auge da tristeza, dor e solidão? Coitados deles, tenho muita pena desses tipinhos.Tão patéticos!Aliás, eu sou a rainha da auto-piedade,viu?

Tudo tem um motivo nessa vida.

E isso não é uma decisão.Simplismente, aconteceu.

Eu coloquei a caneta no papel, mas ela não disse nada!Eu falei com a caneta, ela não respondeu.Olhei pro papel e nada eu pude antever ali.

Ocorre que estou feliz.

E isso é ruim para a poesia.A minha poesia, patética e inicial, nasce de um fogo, de uma chama azul e melancólica.

Logo, se a chama que me ocupa é de alegria e compleição, e eu já esgotei isso em mim,não sei o que virá agora.Não sei se virá.Eu esperei, provoquei, procurei.Continuo sem resposta.

A poesia fugiu.

Eis que vejo um caminhão de prosa dobrar a esquina.

Aguardemos.

agosto 22, 2009

Chácara Santa Helena

A Osmar de Oliveira

Uma pena de galo
guarda a pagina da antologia de Cecília.
Uma pena assombrosa
divide meu coração ao meio.

Olhos ladeados de caminhos
abertos pelo tempo
acima de uma boca
que agora me conta
da dor que ficou porque Helena partiu
estão marejados.

Mas parecem aceitar o enfado,
a curva intransponível do destino.
Permanecem ainda encravados
na casa de chão batido
os rastros do amor familar,
legado deixado apesar de tanto desatino.

Meus ouvidos não escutam
nem voz de córrego distante
nem bater de água na represa.
Só sabem de um velho homem sentado à mesa
que nunca se deu por vencido
nem mesmo diante do amor perdido.

São Gabriel d'Oeste, MS, 08 de maio de 2009.

agosto 17, 2009

Boca fechada

Existe tanta coisa a ser dita,
Aconteceram tantos parênteses,
Fechaduras que se abrem
E portas que jamais se fecharão.

Tudo é poesia, mas isso é uma prosa.
Meu amor é prosa, porque existem diálogos. Nossos corações se falam.

Existem momentos,quero me organizar, espaçar tudo na minha mente
porque isso, exatamente isso, eu não posso esquecer.
Não quero esquecer de nada.

Eu tenho tanta coisa pra dizer.

Eu tenho ouvido falar tanto de como o tempo e esvai e como não devemos desperdiçá-lo, de como o amor é sublime e que não devemos desperdiçá-lo também.

Existem tantos parenteses na minha vida, o fato de que cada um tem a sua válvula de escape.

E que que eu preciso dar atenção às minhas.

julho 28, 2009

Samba do amor novo



Qual foi o meu papel
Dentro do livro da sua vida?
Afinal nada fiz pra merecer
O sofrer que você me impôs

Mas agora você há de ver
O meu sorriso renascer
Que amanhã é um outro dia
E eu não estarei mais presa à você.

As cores são mais vivas
E os suspiros mais sinceros,
Pois agora o amor que eu vivo
Não lembra em nada a dor que eu passei.

Meu coração é leve, liberto
Agora baila sem você por perto.
Posto que este amor é um rio novo que nasceu
E em seu leito a vida se espalha de peito aberto.


Sugestão de música: Satisfeito_Marisa Monte

julho 08, 2009

Poema da definição e fuga

Em branco

É cura

É farol na tempestade

Destroços no acidente

Porto com isenção fiscal

Não preciso de desculpas

Pra aportar aqui.

 

Da ignorância, da miséria

Da solidão, da tristeza

Do esquecimento, da angústia

Do medo, da culpa

Do passado, pra tudo há escapatória.

Do teu amor,não há.

 

junho 29, 2009

a menina ferida

Ah! As árvores balançam
na sua passagem
e as folhas festejam tua voz, menina ferida!
O vento gélido até parece
o prenúncio de uma noite atroz,
mas é o conforto das almas cansadas.

Desce a rua a largas passadas,
a menina ferida.
Como se alguém estivesse a lhe esperar.
Como se houvesse quem pudesse
Seu coração sangrento com as mãos abarcar.
Alguém de lábios balsâmicos
para sua ferida aberta beijar.
E lhe curar.
E lhe curar.

Cantarola inocente a menina
e as luzes da rua piscam
num sinal de festa em recepção.
A ferida não é visível ás coisas mundanas,
às intervenções cotidianas.

Somente olhos da alma
Veem a ferida.
Nem todo mundo sabe
da alma-menina aleijada.
Seu sorriso é tão bela cortina!
Quem diria da sua dor-menina?

As piores feridas
São invisíveis aos olhos carnais.

E que será de ti,ferida menina
quando a esperar-te à porta
estiver alguém que vem
pra te beijar, abraçar e curar?

Arrancar-te-á do peito
o coração falido
e curará a ferida
com um fremente bramido?
Um grito, uma ordem tenaz
que mande a dor
para as terras de Nunca Mais?

Ah, menina ferida!
Como do amanhã saberás?


Rio, 08 de junho 2009.

junho 08, 2009

O fim

Recebido o aviso

Corri pro teu socorro

Band-aid eterno do meu coração.

Quis te estender bisturi,

gaze e esparadrapo.

Quis ser teu ombro,

canto pra teu coração-farrapo.

Mas era um arauto teu grito

Dor sem parada

Trem descarrilhado

Tragédia anunciada.

Era o fim.

Referência: Aconteceu_ Marisa Monte

Ouvindo: A Flor_Los Hermanos

Para uma grande amiga

junho 01, 2009

Sapiência



Esta sapiência que eu tenho
desse teu desamor, desse teu fingimento
me dá um desalento
um nó que me aperta por dentro!
É igual vento encanado
quando sai desatinado
chovendo mundo afora.

Te aviso, mas vc não olha...
Um dia, sem demora
chove aqui dentro
e meu coração vai embora.

maio 27, 2009

Retorno

Quando volto pra casa, sempre
Os aparatos da noite se recolhem.
Tudo se acolhe dentro de mim
E vira um espectro da minha memória.

Estão ali os gatos que brincam
As cafeterias, quiosques
As pessoas, tão diferentes
E ao mesmo tempo
Tão iguais entre si.
Tão enfadonhas...

Você também está ali
Com a sua apreciação inquieta
Dentro de olhos tão calmos.

Mas eu não estou mais ali.
Só quando eu me recolher
é que tudo irá embora.

Eu levarei tudo daqui
Quando me for.

maio 14, 2009

Amor perdido

Ainda lembro com saudade
do amor sofrido.
Mas perco as esperanças
porque a oportunidade de ser feliz
fugiu de mim,
sumiu de mim.
Como se eu pastora fosse
de uma res no pasto, perdida.


Campo Novo do Parecis, MT, 05 de maio de 2009.

maio 10, 2009

Canto

Aquele que me desvenda
É aquele que escuta meu canto,
Esta nota abafada e gemida.

Porque a minha existência
É deveras diáfana e fugaz
Para tão somente ela
Definir quem eu sou.

Campo Novo do Parecis, MT, 05 de maio de 2009.
Escrito na capa da Antologia Poética da Cecília Meireles.

maio 09, 2009

Campo de Girassóis




Desencontrada de mim mesma
perambulo pela estrada,
veio vermelho e estreito
aberto no meio do campo esmeraldino.

Pula na minha frente o sol-menino
a tocar algo numa gaita,
uma esquecida toada
que nem ele nem eu sei.

Lá pelas tantas, se vira e me grita:
-Vem, xuxu!

E viram pra ele as cabeças dos girassóis,
buscando nele a Luz.

Campo Novo do Parecis,MT, 01 de maio de 2009.

abril 27, 2009

A primeira tocaia

Viagens entediantes no ônibus renderam mais alguns capítulos pra história da assassina.
Se você quiser entender a estória, leia os posts anteriores, clicando no tag "da assassina" no canto direito da tela.
Espero que seja proveitoso e, mesmo que não seja, deixe seu reflexo. Curiosidade mata! rsrs



São 18:00h.
Alice olha pro alto.
-Olá, Dalva!, ela diz, fixando o olhar na pequena estrela, no alto do céu de Abril.
Faz calor e Alice está ali faz horas, mas ela permanece de tocaia no endereço dado por Luciana.Não pode deixar escapar a oportunidade de ver o seu alvo chegando.
Este serviço estava todo zicado, já pra começo de conversa.
Primeiro, as dúvidas de Luciana. Depois, a ausência de foto do alvo. O computador da menina foi infectado por um vírus e em uma formatação mal feita, sem backup, perdera todas as fotos do namorado.
Com a descrição do cara na memória, Alice aguardava pacientemente.Segundo Luciana, ele tinha viajado à negócios há três dias e voltaria hoje cedo, mas nada do cara "alto, forte, olhos castanhos, cabelos curtos, escuros e com uma tatuagem no braço esquerdo" aparecer.
Telefone. Era Luciana. O cara só vem amanhã.
-Merda, perdi meu dia.

***

O tempo anda nublado e abafado. Salsicha sempre fica preguiçoso quando os dias estão assim e ele ronrona encima do sofá-cama.
Na janela do apartamento, com uma latinha de cerveja na mão e um cigarro na outra, Alice olha pro nada. Ou pro concreto, daria no mesmo.
-Que falta me faz o sol,ás vezes...Queria ir á praia.Amanhã, quem sabe. Né, Salsicha?
Acarinha o gato, que mia baixo, como se respondesse.*
A chave gira na porta.
-O papai chegou!
O gato se contorce no batente da janela.
Alice corre até a porta e pula no colo do visitante assim que ela se abre. Tasca-lha um beijo, seguido de vários outros.
-Ai,ai,ai!, ele reclama, curvando as costas. Unha, unha, unha!
-Fez outra tatuagem?
Ele tira a camisa e mostra um mapa vintage perfeito, com pequenas ilhas, encostas, um navio.
Alice fica estupefata. Teria ele feito isso em sua homenagem?
-Ah, tem tudo a ver comigo,né?, ele diz ao reconhecer o olhar de orgulho e posse dela.
Ele é professor de Geografia.
-É verdade, ela diz, um pouquinho contrariada.Mas não deixa de ter a ver comigo também.
Ela posiciona a bússola que tem gravada no pulso no meio das costas dele, sorrindo furtiva.


*N.A.: Gatos vira-latas são os melhores. Eles correspondem com mais frequência á estímulos externos.
Arrebatada, escrevi a continuação hoje no trabalho. Não pude me conter. Minha agenda do trabalho está toda rabiscada, mas eu estou realizada e completa.E é isso que importa. Eu, feliz e Alice, viva.

Pasmaceira

Os homens ficam tesos
Atônitos no meio da rua
Passeia no meio da Carioca
Uma mulher nua
Peituda e nua.

Corre o ladrão
Com a pasta de uma moça
E eu só observo
Com o resto do ônibus.
Eu quero adivinhar
O que fez do homem ladrão.

Apenas um rapaz
Para o trânsito com a mão
Quando jaz estendido no chão
Um menino atropelado.
Vinha o carro da polícia na contra-mão.

Racha a cara do Brasil no meio
De tanta vergonha
Mas os homens continuam tesos, parados.
Pasmos.

Produto ainda daquela noite de insônia em março. Acho que fui muito boazinha, se for pra falar de vergonha, tanto mais poderia ser dito...
Só escrevo do que sei, do que vejo ou do que sinto.
Basicamente tudo aqui escrito aconteceu. Nem sempre assim, mas mais ou menos assim.

abril 22, 2009

Insônia

A hora só faz passar
e o sono não vai chegar.
Eu só envelheço
Enquanto o relógio
fica a tiquetaquear.

E ainda assim
a vida passa
sem passar.
Ela acontece sem marcar.

E então, pra mim
só resta me culpar.

"Corta a Lua no meio, menina!
Com a espada de São Jorge!
Quem saber assim
O mundo para de girar."

23/03/09

abril 14, 2009

Intimidade

Como pude viver
Um dia que fosse
Sem a inquietude de Carlos
Sem o mar de Cecília
Sem o real de Manuel
Sem o surreal de Clarice?

É tão inesperado e vazio
quanto viver sem o barulho
da minha caneta que,
teimosa, circula o mundo.

E um dia, sem avisar,
se cala.
Se cala.
Com medo, como eu,
se cala.

abril 10, 2009

Medo

Atravessar a rua
Pular o muro
Ouvir música
Abrir a porta, a janela.

Dar esmola,gorjeta
Olhar no olho, sorrir.
Dar um abraço
Um pedaço de pão.

Apertar a mão
Dar as horas
Andar à noite
Andar de dia.

Carregar ouro
Prata, níquel
Papel, mochila
Maconha, dinheiro

Todo mundo tem medo
E mais nada.

23 de março de 2009, aquela noite longa.

E a paz, a paz que dá em escrever...
É como um banho frio no fim do dia, um gole de cerveja bem gelada no verão, um beijo íntimo no auge da carência.

abril 08, 2009

Twitter

Óquei, de novo a maldita insônia.

E eu descobri uma fórmula terrível...

Insônia + curiosidade + laptop = criações tecnológicas sem fim! =/

Desse jeito eu tenho quatro blogs, perfil do orkut, MSN e agora, por pura curiosidade, inventei o tal do Twitter...

Vamos ver se eu curto. Senão, vai ter o mesmo fim dos flogs e flickrs: esquecimento.

Não dá. adoro imagens bonitas, elas até aparecem na minha cabeça, mas não consigo reproduzí-las.

Meu lance é escrever, não adianta, não.
Embora eu reconheça que já pintei algumas coisas, gosto de desenhar...comprei umas telas, pincéis e tintas novas essa semana, eu admito.Pronto, falei.hahaha

Faltam as idéias agora. Estranhamente, penso em livros.Tava pensando na Mulher esqueleto do livro da Clarissa P. Estés.Já ouviram falar desse livro, Mulheres que correm com lobos? Muito bom, toda mocinha devia ler.;)
Só me irrita que ela diz que as mulheres precisam se curar, se encontrar, ela dá dicas, faz uns rodeios, mas não diz exatamente como. Aparentemente, esses processos de cura são diferentes pra cada mulher.

Acho que o meu é esse, escrever.Mas não custa tentar outros...

Enfim, meus xuxus! O link tá ali encima e aqui tb --> __@xuxudrops

Quem tiver essa bagacinha, pode add! Vou adorar! ;)

Ah, quanto às poesias, bem, as últimas estão em outro canto,não estão aqui comigo agora.Estão no diário de papel.Assim que der outra crise de insônia, eu ponho aqui! kkkkkk Não deve demorar muito...

P.S> Devia ter postado isso no xuxucommolho.blogspot.com, mas sei lá, deu uma preguiiiiça.

Beijos, xuxus! Valeu!

abril 07, 2009

O sino da catedral

Os prédios da Cinelândia
assombram os pedestres
e em seu auxílio
vem o sino da catedral.

A apreensão que move o Rio
se acalma com aquele badalar
porém, perdidos estamos
e perdidos permanecemos
mesmo quando toca o sino da catedral.

março 31, 2009

Poema todo errado

Continua chovendo na fazenda de chuchus.
Continuo fazendo fumaça azul.
Continua passando hora
e nada de passar o bonde do sono.

Em nada se pensa,
o pensamento é que me olha
consternado porque vê
que continuo fazendo tudo errado
que nem esse poema
de meio de madrugada
cheio de verso inacabado.

março 29, 2009

diálogo





Eu canto dó
Você diz ré
Você suspira grave
Eu grito sustenido
E assim, só assim
A gente se entende.

Eu não preciso falar
Você não precisa dizer
Você me sabe sem querer
Eu te sei pelo olhar...

Em sinestesia
Você ouve amarelo
Enquanto eu explico vermelho.
Em telepatia
Você dedilha o violão
E eu faço poesia.

março 25, 2009

Produtos da Insônia

Oi, xuxus!

Poxa, queria agradecer o carinho e atenção de várias pessoas...
Obrigada, aos queridos que me seguem, que lêem e comentam, eu curto muito! E é muito gostoso ler o que vcs escrevem! É uma maneira de participar de quem vcs são, do que sentem e fazem. É estranho esse negócio de amizade virtual, mas eu acho possível, sim.

Tem gente que namora online, não tem? Por que não poderia sentir carinho por essas pessoas que sempre me apóiam, dão uma palavra amiga, decifram as minhas poesias, se divertem com os contos, e eu com os seus contos, poesias, dilemas...

A linguagem nos une.

Ultimamente, a insônia tem me pego de jeito.
Fico feliz quando consigo dormir antes das duas, três da manhã.
Aparentemente, as palavras querem muito sair e dessa vez, ninguém decidiu tirar par ou ímpar. Elas estão eufóricas, apressadas, ansiosas, não me dão paz. =P

Nem no trabalho, fico quieta.

O resultado disso foram quase dez poesias em dois dias, ou mais...ainda tenho que contar. rsrs

Então, xuxus, preparem-se. Vai rolar uma enxurrada. hahaha

Sempre fico tão feliz quando rolam esses surtos criativos...tô ansiosa pra dividir com vcs!

Enfim, senti muita vontade de dizer isso:

Obrigada! Adoro vcs!

março 17, 2009

A jangada




Quebrando as ondas de vidro
altiva e orgulhosa,
segue a jovem jangada.

Balança as velas ao vento
regozijando cada rajada
como se pente fosse
para o cabelo de uma bela guria.

O balançar do mar,
paterno, protetor
rebola a jangada
que se abandona
no seu sacolejar.

Tornam-se um, jangada e mar
e já não disputam, não competem.
Pois ela entende, sabiamente
que só assim pode avançar.

Só assim vai além-mar.

A cor do céu





Já pensei uma tarde inteira
Já deixei de dormir
Já sonhei e acordei
Já dormi feito neném.

Já mandei cartão postal,
carta e presente de Natal
Beijo, SMS, cheiro, chamego, cafuné
Já assumi, fui muito mulher!
Até o que eu mais odeio
Pois é,eu já fiz DR.

Mas não adianta não dá pé!
Que eu já vi que sou step.
Tua fila parou e não anda
nem por decreto.

Mas eu insisto
Porque não dá pra negar
Não desiste de mim, não!
Que só de pensar em você
A cor do céu faz mudar.

P.S.: só porque, de novo, pensei em você o dia todo.É tudo culpa sua, tudo culpa sua...

março 14, 2009

Mural de idéias aleatórias

astrolábios


BÚSSOLAS


em busca de novo, inovador, novidade...


completa, enfim.


transição de clima

sair do intimismo


é foda. branco.total.

fevereiro 11, 2009

Auto-estrada




Na eterna busca de mim mesma
permaneço em plena jornada.
Mesmo procurando a esmo
Nunca esmoreço, nunca me canso.
Porque eu posso estar em você,
no vento e na relva
em toda gota de chuva miúda
que sucede a festa do raio.

Eu posso ser orvalho no galho
e a gente que anda apressada nas ruas.
Mas ainda sou pequena, menina e crua,
rusticamente tosca
como pedra detentora de luz fosca,
que ainda não rutila
mas há de brilhar.

Por isso, não me canso.
Ainda me busco.
E como alma criança que sou,
andando pelo caminho,
ainda me distraio, me divirto,
aprendo atalho e labirinto.

janeiro 07, 2009

novos jovens




Queremos tudo
e ao mesmo tempo
abraçar o mundo
com braços grandes, elásticos.

E nessa pressa de crescer
esquecemos o que isso significa
e somos a sombra do que poderíamos ser.
Buscamos ideais sem levantar
acordamos pequenos
mas dormimos grandes?

Queremos respostas
mas não perguntamos.
Criticamos,
mas não nos incomodamos,
fazemos pouco
esperando muito.

Queremos demais.
Desejamos de menos,
Pensamos que o prazer
está na imensidão
quando no fundo sabemos
que jaz em um pequeno ponto de perfeição.

Refletidos

As imagens anteriormente refletidas